Acidentes acontecem. Esta frase encerra uma verdade universal e, em muitos casos, uma desculpa para disfarçar incompetências.
No caso do acidente na Bacia de Campos (RJ) ela caiu como uma luva para os dois casos. Afinal, nada mais certo do que haver acidentes e vazamentos na prospecção de petróleo. Isso acontece desde que o primeiro homem descobriu que aquela “pasta preta pegava fogo”.
Exatamente por isso, em todas as partes do planeta em que se faz prospecção e perfuração de campos petrolíferos, há sempre um enorme cuidado com as normas de segurança e com o uso de maquinário adequado à enormidade das tarefas a serem executadas.
Assim, causa enorme espanto a aprovação dos trabalhos da empresa Chevron sem qualquer previsão de um plano contingencial, com o uso de equipamentos completamente obsoletos e com total ausência de fiscalização em suas operações.
A coisa fica muito mais estranha quando sabemos que somos um país que domina completamente todas as etapas da exploração de petróleo e temos uma das maiores empresas do setor como patrimônio.
Evidentemente resta apenas o fator corrupção; pois, apesar de totalmente verossímil, é quase inacreditável imaginar que a ANP, o IBAMA e toda uma série de organismos do governo responsáveis pela aprovação, fiscalização e acompanhamento das atividades dessas empresas tenham tamanha incompetência. Se assim fosse, melhor seria “fechar para balanço”; demitir todo mundo e começar do zero esses órgãos.
Iniciando pela demora na constatação do vazamento e dos “procedimentos maquiatórios” levados a cabo pela Chevron, visando impedir a descoberta da gravidade do ocorrido. Ao invés de implementarem os procedimentos corriqueiros no caso de acidentes assim, resolveram apenas “jogar areia” no óleo para forçar a sua submersão e retirá-lo rapidamente da vista de quem quer que fosse. Claro que, essa prática, agravou ainda mais o problema levando enormes quantidades de óleo para a coluna d’água e potencializando o perigo de contaminação da fauna e flora marinhas e das praias. Os milhões de litros que poderiam ter sido coletados e descartados em segurança, agora dormem no fundo do mar como uma silenciosa bomba relógio ativada pelo sabor das marés.
Mesmo após a imprensa “jogar no ventilador” o acidente e mostrar “ao vivo e a cores” a gravidade do problema; o governo levou mais de dez dias para enviar uma autoridade ao local. A ANP (Conhecida nos círculos íntimos como Agência Nacional da Propina), responsável pela fiscalização de todas as atividades ligadas ao petróleo em nosso país, sequer sabia que havia acontecido um acidente e, muito menos, sua gravidade.
O mais “divertido” nessa história dantesca é que tudo isso aconteceu relativamente perto da costa e numa profundidade “ínfima” (em relação aos poços do Pré-Sal) em que a fiscalização e os procedimentos de segurança são relativamente fáceis e com tecnologia dominada. Fica, portanto, estabelecido o claro cenário para uma catástrofe sem precedentes, no caso de algo assim acontecer durante a exploração do Pré-Sal, dadas as enormes profundidades e distâncias envolvidas.
Como se vê; os políticos brasileiros não estão satisfeitos em matar lentamente a população em terra para encher suas carteiras e garantir para suas famílias e amantes um futuro tranquilo. Querem agora destruir a fauna e a flora marinha e acabar com o único divertimento democrático que o país oferece: as praias.
Tudo isso usando muitas cuecas largas, meias elásticas, malas bem grandes, ridículos chapéus panamá e regado com muito whisky escocês, charutos cubanos e aquela cachacinha na beira da piscina, porque ninguém é de ferro.
E o povo?
Ora, o povo que fique com o óleo. Afinal de contas, eles vivem falando que o Pré-Sal é para os pobres.
Pense nisso.
Fonte: Visão Panorâmica - by Arthurius Maximus (Postado via IPad)
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