A juíza eleitoral Luciana Cesário de
Mello Novais, de São João da Barra (SJB), marcou para o próximo dia 13, às 14h,
na 1ª Vara da Comarca do município, a audiência do processo que envolve a atual
prefeita Carla Machado (PMDB), o prefeito eleito José Amaro Martins, o Neco
(PMDB), e seu vice Alexandre Rosa (PMDB), no escândalo conhecido como Operação
Machadada. A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) foi proposta pelo
Partido da República (PR) e a Coligação São João da Barra Vai Mudar Para Melhor
(PRB/PSL/PTN/PR/PPS/DEM/PTC/PC do B/PT do B). A ação apura a participação deles
em uma organização criminosa para a compra de votos e formação de quadrilha.
Segundo as investigações conduzidas
pelo ex-delegado titular da Polícia Federal (PF), Paulo Cassiano Junior, os
agentes da PF vinham acompanhando a movimentação do grupo nas últimas semanas.
“O propósito final da quadrilha era manipular o resultado das eleições,
comprando o apoio político de candidatos da oposição. A organização aliciava e
tentava cooptar candidatos da oposição, mediante a promessa de vantagens
econômicas ou benefícios na futura administração municipal. Essas propostas
foram feitas para que os mesmos desistissem de concorrer às eleições. Ela
(Carla) era a chefe da quadrilha”, disse Cassiano.
De acordo com o delegado responsável
pelas investigações, “as provas não deixam dúvidas de formação de quadrilha e
captação ilícita de sufrágio (compra de votos)”. Em algumas gravações
divulgadas pela PF é atribuída a Carla Machado participação direta em uma
negociação para que candidatos a vereador do PR, partido do principal
adversário de Neco nas eleições 2012, Betinho Dauaire (PR), candidato a
prefeito de SJB, desistissem de disputar e apoiassem Neco, seu candidato.
No último dia 2 de outubro, Carla foi
presa por agentes da PF depois de ter participado de um comício de Neco, em
Grussaí, quando estava a caminho de uma pousada em Atafona. Na mesma noite,
Alexandre Rosa foi preso na localidade de Água Santa, no 5º distrito de SJB, na
casa de Neco. Carla e Alexandre pagaram fiança e foram liberados no mesmo dia.
Gravações
flagram negociação
A conclusão do delegado resultou de
investigações que tiveram, segundo Cassiano, a constatação de práticas ilícitas
em várias gravações de áudio e vídeo, além de depoimentos. Numa das gravações,
a prefeita aparece oferecendo R$ 60 mil para que o comerciante Rodrigo de Abreu
Rocha, 33 anos, candidato a vereador de SJB pelo PR, deixasse o grupo de
Betinho Dauaire e passasse a apoiar a candidatura de Neco. Alexandre Rosa
também está na gravação durante as negociações, que teriam sido iniciadas com o
valor de R$ 80 mil.
À época, Cassiano revelou que Carla e
Alexandre não eram os únicos integrantes da quadrilha. Ele afirma que há também
elementos contra o candidato a prefeito Neco e mais três moradores de SJB. “Não
eram os únicos integrantes. Temos também elementos contra o candidato a
prefeito Neco.
Pretendíamos prender cinco, mas como
não era possível do ponto de vista operacional tê-los todos em nossa mira
simultaneamente, resolvemos concentrar esforços naqueles que para nós eram os
principais alvos”, ressaltou.
Indiciados
pela polícia
Em resposta ao que motivou a ação
realizada a quatro dias da eleição, Paulo Cassiano disse que o crime de
quadrilha é um permanente. “Enquanto dura a permanência é possível prender em
flagrante. Integrantes de uma quadrilha podem ser presos a qualquer momento.
Vínhamos investigando a atuação da quadrilha nas últimas semanas. É possível
prender pela manhã, à tarde, à noite ou de madrugada, independente da
legislação eleitoral”, esclareceu. “A Legislação Eleitoral restringe a prisão cautelar
de qualquer pessoa ou candidato cinco dias antes da eleição, mas ela excetua a
prisão em flagrante. Até quando a pessoa estiver apertando o dedo de confirma,
é possível prendê-la”, declarou Cassiano.
Carla, Neco e Alexandre Rosa foram
indiciados no inquérito como membros da quadrilha. “Há muitas provas, inclusive
de áudio e vídeo. Numa delas, a prefeita diz que um determinado candidato está
muito caro”, revelou o delegado.
Fonte: Jornal O Diário
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