BOMBEIROS INVADEM QUARTEL DO COMANDO GERAL NO RIO


Cerca de mil bombeiros invadiram o Quartel do Comando-Geral da corporação, na Praça da República, no Centro do Rio, na noite desta sexta-feira, com faixas e cartazes exigindo um encontro imediato com o comandante-geral do Corpo de Bombeiros. Às 22h, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Mario Sérgio Duarte, se reuniu com oficiais da corporação no gabinete do comando. Policiais da tropa de choque da PM estão no local. Em nota, o governo do estado afirmou que a ordem é prender os manifestantes, uma vez que eles invadiram um bem público. Além disso, de acordo com o governo, o grupo teria agredido o coronel Waldir Soares, comandante do Batalhão de Choque, desrespeitando, assim, a lei e as regras da própria instituição militar. Para a administração estadual, a manifestação tem motivação política.

Por volta das 21h30m, os manifestantes fecharam todos os acessos do quartel, bloqueando as entradas com caminhões de salvamento da próprio corporação e mangueiras de incêndio. O temor é que haja uma ação da tropa de choque da PM para invadir o quartel.

O porta-voz do movimento, cabo Benevenuto Daciolo, orientou os manifestantes, com a ajuda de um megafone, a se sentarem no chão para não resistirem a uma possível intervenção da PM. Além dos bombeiros, o quartel também está ocupado por crianças e mulheres dos manifestantes. De acordo com Daciolo, a única condição para que saiam do quartel é de que sejam recebidos por uma autoridade do governo que cumpra a reivindicação de aumentar o piso salarial dos bombeiros guarda-vidas.
- Só vamos sair daqui quando chegar alguém com poder de decisão, como o governador, o vice-governador ou um secretário - disse Daciolo

Há mais de um mês, eles reivindicam melhores condições salariais e de trabalho. Mais cedo, enquanto seguiam para o quartel, os manifestantes passaram pela pista central da Avenida Presidente Vargas, sentido Praça da Bandeira, na altura da Avenida Rio Branco, e ocuparam também a Primeiro de Março, que chegou a ficar interditada, complicando o trânsito na região. Por volta das 20h10m, faltou energia e os sinais de trânsito ficaram apagados.

Esta é a primeira manifestação dos bombeiros desde a primeira reunião para negociações com o secretário estadual de Planejamento, Sérgio Ruy Barbosa, no dia 25 de maio. De acordo com Daciolo, a volta dos protestos ocorre porque desde então não teria havido nenhuma contraproposta ou comunicação de representantes do governo com os bombeiros que pedem piso mínimo de R$ 2 mil. Atualmente, o piso pago aos guarda-vidas está entre R$ 950 e R$ 960 líquidos, informa o cabo.

- Acharam que o movimento iria se desmobilizar, mas a tropa está realmente passando por necessidades. Não temos nada contra o governador Sérgio Cabral, só queremos um salário digno - disse Daciolo, que mês passado foi preso por causa das manifestações e liberado depois de trégua para o início das negociações.

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Fazenda informou que é o governo que espera por contraproposta, e não os manifestantes. A nota diz que a manifestação desta sexta-feira "representa um novo gesto de radicalização por parte dos bombeiros militares que participam do movimento, na medida em que nenhuma nova proposta foi apresentada até agora e que os reajustes concedidos em junho de 2007, com início em janeiro de 2011, representam aumentos de 1% ao mês até dezembro de 2014, com impacto de R$ 1 bilhão no Orçamento do Estado nos próximos quatro anos".

Fonte: O Globo online (Postado via IPad)
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