A ficha deste ansioso blogueiro caiu logo no começo do Governo Lula, quando morreu Roberto Marinho.
Tony Palocci foi ao enterro, com Lula.
E declarou à Globo que Roberto Marinho tinha sido um baluarte na defesa da Democracia.
Este ansioso blogueiro trabalhava no UOL e disse que o trotskista Palocci respeitava a democracia representativa tanto quanto o ilustre morto.
O professor Venício Artur de Lima, este, sim, um baluarte na defesa da liberdade de expressão, acaba de lançar um livro imperdível para quem luta por uma Ley de Medios neste país: ” Regulação das Comunicações – História, Poder e Direitos”, pela editora Paulus.
Na página 73, ele reproduz trecho do livro “Sobre formigas e cigarras” , de Antonio Palocci.
Ali, o autor conta como co-redigiu a “Carta aos Brasileiros”, lançada em junho de 2002, quando em uníssono o então presidente FHC, o Padim Pade Cerra, a Regina Duarte e o PiG (*) propagavam o pânico: se Lula fosse eleito, isso aqui ia virar uma Argentina.
(Em certos aspectos – como na punição aos militares torturadores e na Ley de Medios – lamenta-se que a profecia não se tenha realizado.)
Era preciso acalmar o “mercado” , aquela entidade que se materializa, frequentemente , nas colonas (**) da urubóloga.
Tony preparou algumas versões da Carta.
E resolveu consultar o que se chama no Brasil, de “sociedade civil”: formadores (sic) de opinião, empresários e os filhos do Roberto Marinho.
Palocci explicou que estava com “um problema sério” : uma percepção de crise econômica por causa da possível eleição do Lula.
E queria fazer um manifesto “com os nossos compromissos”.
O filho de Roberto Marinho, no caso, João Roberto, respondeu com aquela serenidade que se espelha nas manchetes do Globo:
“A crise é maior do que voces estão pensando”, advertiu. “Há muita insegurança sobre o futuro”.
(Observe-se que o Padim era o adversário de Lula: seria ele também fonte da insegurança do ilustre herdeiro ?)
Tony conta que leu vários pontos do rascunho do manifesto ao telefone.
O Marinho enfatizou o problema do superávit das contas públicas (o que demonstra que os dois lêem a urubóloga): “este é o ponto sobre o qual o mercado está mais preocupado”.
E atenção, amigo navegante, veja agora o que o Tony Palocci diz, ele mesmo, em suas precoces memórias:
“E qual você acha que deve ser o compromisso do novo Governo ?”
Veja bem , amigo navegante.
O futuro Ministro da Fazenda pergunta ao dono da maior rede de televisão do país qual deve ser o compromisso do futuro Governo sobre o ponto mais grave da crise (segundo o neo-liberalismo dos interlocutores).
O filho de Roberto Marinho chega a dizer que o superávit deveria superar 4%, como se ele e o Palocci soubessem do que falavam.
Depois desta edificante conversa, Palocci prometeu, obedientemente, lutar por um superávit primário “o quanto fosse necessário” e, não, “enquanto”, como estava dito antes.
Ou seja, se a urubóloga dissesse que “o quanto” eram uns 10% do PIB, assim faria o Ministro da Fazenda trotskista e petista
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