ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DO PR WLADIMIR GAROTINHO


Ao contrário da irmã Clarissa, que seguiu desde cedo os passos dos pais, Wladimir Matheus se manteve durante muito tempo distante da vida política. Reclamava da rotina diferente da família e da falta de tempo para programas simples como ir ao shopping e passear no parque. Mas veio a eleição de 2008 e ele acabou assumindo, mesmo sem ter planejado, a coordenação da campanha da mãe para a Prefeitura de Campos. 

Tomou gosto pela coisa e hoje o jovem publicitário de 26 anos é nada menos que o presidente do PR no município. Mais que isso, tem se mostrado bom articulador e já costura alianças para as eleições do ano que vem, não só em Campos, mas em todo o Norte Fluminense.

Nesta entrevista ao blog, o filho de Rosinha e Garotinho conta como se aproximou da política e admite que sonha em um dia chegar ao cargo de prefeito.

Sua função é de articulador do governo?
Também. Minha função não é só essa. É organizar o partido para as eleições de 2012. Formar nominatas hoje não é fácil. Com 25 cadeiras serão 37 candidatos, sendo 30% obrigatoriamente mulheres. Então são 12 mulheres. E não é tarefa tão fácil. Mas a gente acaba, junto com o secretário de Governo Geraldo Pudim, fazendo a articulação com os vereadores, fazendo chegar próximo ao governo, conversar com o governo. Então a função de articulador também existe, mas não é só isso. Nós formamos a Frente Democrática, composta por oito partidos, que faz reuniões a cada 15 dias. A próxima reunião é dia 20 e deve entrar mais um partido.

Qual?
PSDC, Gil Vianna. Estará lá.

Qual o objetivo da frente?
O PR encabeçou a frente e chamou os outros partidos para participarem. Ela visa fazer uma base de apoio ao governo, sustentar as ações do governo e também discutir ações para o governo. A gente debate ideias, propõe. O secretário de Governo quase sempre participa das reuniões e a gente passa para ele. Os pleitos são muito comuns. Quase todos os partidos participaram da construção do plano de governo. Então às vezes é uma ação que está demorando um pouco para andar, uma questão de prioridade. A gente discute muito políticas públicas ali, alianças programáticas.

Você acha que o governo está bem? O que precisa melhorar?
Não sou eu que digo que está bem. A pesquisa diz que o governo tem 75% de aprovação. É pesquisa do Instituto Precisão, registrada. Então eu acho que está bem.


Mas o que pode melhorar?
Eu acho que a comunicação do governo pode melhorar bastante. Não é uma crítica ao secretário, mas eu acho que a Prefeitura faz muita coisa e o que é feito é pouco divulgado. A gente vai na localidade e percebe. Por exemplo, eu estive no Novo Jóquei semana passada e um morador me disse que não tinha sido feito nada no Novo Jóquei. Como não está fazendo nada? Nós estamos fazendo casas populares, creche modelo e escola modelo. Mas o morador não queria isso. Queria resolver o buraco da rua. Então ele disse que não estava sendo feito nada. Então é uma questão de comunicação.


Você anda nas ruas, ouve os problemas, ouve os partidos e aí tem que levar tudo para a prefeita. Como é essa relação com sua mãe?
Eu não consigo diferenciar a política Rosinha da minha mãe Rosinha. Para mim é uma coisa só.

Isso é bom ou ruim?
É bom e ruim. Porque a gente acaba se envolvendo, ficando sem hora de lazer. A gente se encontra e acaba só falando da política, dos problemas que tem que resolver, que tem que fazer.


Você é do tipo que quando vai para casa não desliga?
Eu não desligo. Eu só consigo desligar quando estou com minha filha. Só.

Sua irmã Clarissa começou cedo na militância. Você demorou muito mais. Não gostava de política?
Não é que não gostava. Eu sentia que a política atrapalhava na vida da família. Quando eu era mais jovem, quando era criança, achava que meus pais eram muitos ausentes, não estavam ali, não podiam sair com a gente. Eu reclamava muito dessa ausência, mas o tempo foi passando e eu fui entendendo as coisas.

Eles não eram zelosos?
Sim, eles eram zelosos. Eles não tinham tempo disponível. Por exemplo, para passear no shopping como todo mundo faz, para levar o filho no parque. Não tinham tempo. Mas a gente sempre almoçava junto, estava junto. Mas meu pai também é política 24 horas por dia. E a gente foi acostumado a viver assim. Eu passei a gostar da política, entender muito mais as coisas, na eleição da minha mãe aqui em Campos para prefeita.

O que o fez participar?
A princípio foi o seguinte: minha mãe decidiu ser candidata a prefeita em Campos e minha irmã a vereadora no Rio. Meu pai tinha que ficar no Rio para tocar as coisas lá e também ajudar a minha irmã. E eu recebi uma missão: vai para Campos, você só vai andar com a sua mãe. Toma conta lá das coisas, fica com ela lá. E eu vim para cá, sem gostar de me envolver com política, para ser uma referência, um apoio para ela.

Você veio contrariado?
Não, minha vida sempre foi em Campos. Minha namorada era daqui. Eu nunca quis morar no Rio de Janeiro. Morei, me adaptei, mas nunca gostei. Eu sempre estava aqui. Quem me conhece sabe. Então eu vim para cá e o que acabou acontecendo? Como meu pai não estava aqui ficou um vazio na coordenação da campanha e acabei assumindo a coordenação. Então o que eu fiz? Peguei minha noiva, botei para andar com minha mãe e fui coordenar a campanha. Eu comecei a andar muito, vendo os problemas, como o povo acreditava, pedia. Era uma coisa tão natural, tão espontânea. A gente não estava no governo, o povo pedindo para ela ser prefeita, para ajudar porque o município estava abandonado. Eu fui começando a perceber que quando meus pais às vezes abriam mão de momentos com a família era porque estavam cuidando de outras famílias. Hoje eu vejo Donana, por exemplo. Quando eu fui na campanha, parecia o Iraque. Era buraco, cratera. Hoje está um lugar muito diferente, muito melhor. Era por esse motivo que o povo pedia Rosinha, porque conhece a história política do casal Garotinho. Então tudo isso me envolveu.

E quando você vai ser candidato? Chegou a ser divulgado que você seria candidato a prefeito de São João da Barra. Não seria uma possibilidade?
Eu acho que isso foi ventilado pelos adversários de Betinho Dauaire. Nunca existiu nada disso. Nosso compromisso sempre foi com ele desde o início. Betinho é quem apoiamos para prefeito em São João da Barra. Na época desmenti publicamente. Não sou candidato a nada agora.


Nem em Campos?
Por enquanto não. Eu acho que um dia isso vai acabar sendo inevitável. Estou aprendendo muita coisa, aprendendo a gostar de verdade, só que eu acho que ainda tem tempo para isso.

Você sonha em ser prefeito?
Quem está na política diretamente e não sonha?

No final da década de 80, seu pai era a liderança política mais influente da região. Chegou ao governo do Estado, sua mãe também e de lá para cá o casal Garotinho teve altos e baixos. Agora ressurge. Sua família volta ao governo do Estado? Seu pai volta a ser governador?
Política é muito o momento. Muita gente achou que o casal Garotinho estava morto. Mas diferente do que muitas pessoas pensam, o povo não esquece quando o político faz por ele. Garotinho teve 700 mil votos para deputado federal. E em todas as urnas do Estado. Teve lugar que ele nem foi e teve voto. Isso é o reconhecimento de um trabalho. Faz a seguinte conta: Sérgio Cabral teve cinco milhões de votos disputando com três candidatos. Garotinho teve 700 mil disputando com quase mil. Foi uma vitória expressiva porque o povo reconhece tudo o que foi feito por ele. Vontade de ser candidato a governador ele tem, mas tudo vai depender da próxima eleição. Uma eleição faz a outra.

Vai depender da eleição municipal?
Das eleições municipais.

O sonho da presidência da República ainda existe?
Sempre vai existir. Meu pai quando tinha 14 anos de idade, um amigo de escola dele me contou, ele subia em um banquinho e discursava dizendo que ia ser presidente do país. Ele tem política no sangue e na veia. Vai batalhar até conseguir. Garotinho não tem projeto pessoal, tem projeto político. O sonho dele é chegar à presidência.

Incomoda você que seja atribuído à sua família um perfil populista?
Nem um pouco. Não somos populistas. Somos populares. Meu pai tem o seguinte lema: trabalhista, nacionalista e popular. Populista é quem usa o povo. Popular é quem faz em benefício do povo.

Como está o cenário político para a região em 2012?
O PR terá candidatura própria em todos os municípios do Norte Fluminense. A ideia é fortalecer a região, fortalecer uma base para o interior voltar a ter voz. O interior hoje está esmagado porque o governo estadual não olha o interior.


Dos municípios da região o que mais ganha repercussão em Campos é São João da Barra. Talvez pela proximidade, pelas praias, pela política sempre com muita polêmica e agora tem também o porto do Açu e a aliança Garotinho-Betinho, até pouco tempo inimaginável. Como foi esse processo? Você acompanhou o rompimento com a prefeita Carla Machado?
Foi Carla que se afastou da gente sem deixar nenhum tipo de explicação. Meu pai fez tudo o que pôde fazer por ela. Eu sempre tive uma relação muito boa com ela. Sempre que a encontro falo com ela. Mas simplesmente Carla deixou de atender os telefonemas e quando vimos ela começou a posar nas fotos dos jornais com os nossos adversários políticos. Com Arnaldo Vianna, Sérgio Cabral. Não houve um rompimento por algum motivo. Simplesmente houve um afastamento. Ela, por motivos que a gente desconhece, preferiu se afastar de nós e se aliar aos nossos adversários. Então a gente teve que construir um caminho. Nossa divergência com Betinho nunca foi pessoal, sempre foi política. A gente estava em lados opostos. Tanto que eu e Bruno sempre fomos amigos, estudamos juntos. Então houve um convite. E hoje existe uma parceria muito boa. Betinho uma pessoa muito correta, muito decente, e eu tenho certeza que nós vamos ganhar com ele em São João da Barra
.

Voltando a Campos, a oposição na Câmara está menor agora. Quem são os maiores adversários do governo hoje?
A oposição está muito fragilizada. Não podemos dizer que vamos ganhar as próximas eleições porque isso não é uma verdade absoluta. Mas o fato é que a oposição hoje não consegue se unir em torno de um nome e não fala a mesma língua.


Está fragilizada por que foi para o governo? Foi cooptada?
Não. A população passou a entender que esse tempo todo em que as pessoas que são oposição hoje estiveram no governo foi tempo perdido. E está vendo os investimentos em obras, na qualidade de vida. A oposição ficou desacreditada. Hoje falam e o povo não acredita mais.


Você participa diretamente do entendimento com os vereadores?
Eu converso muito com os vereadores. Com o dr. Abdu, sempre também com Rogério Mattoso, de quem sou amigo, conheço o filho de Marcos Bacellar. O diálogo deve sempre existir. E a disposição para atender os pleitos de quem queira o bem da cidade. O Dante, por exemplo, qual era a reivindicação? Uma clínica para tratar de dependentes químicos. Haverá duas.


A conversa com a Câmara vai avançar para outros vereadores de oposição?
A porta está aberta para todos. Todos que queiram o desenvolvimento da cidade.

Fonte: Entrelinhas
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4 comentários:

  1. parabens Wladimir pela entrevista

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  2. VOCE SERA NOSSO PREFEITO WLADI, SE DEUS QUISER.CARLA TOCOS

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  3. Parabens W amigo vc tem futuro conte comigo.beto caxeta

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