Cristãos, torcedores de futebol, policiais militares e bombeiros. O que têm em comum? Todos estão sendo defendidos pelo deputado federal Anthony Garotinho (PR). O ex-governador do Estado do Rio conseguiu nos últimos dias um destaque nacional que não alcançava desde que disputou a eleição presidencial em 2002, graças à sua atuação contra a distribuição do kit anti-homofobia do Ministério da Educação, às ameaças que teria feito ao governo para tentar trazer de volta à pauta a votação da Proposta de Emenda Constitucional 300 que aumenta o salário-base de policiais e bombeiros, à proposta de se criar uma CPI para investigar a atuação do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e, nos últimos dias, ao apoio à demanda dos bombeiros do Rio.
O ex-governador participou de vários protestos organizados pelos bombeiros e é acusado por alguns políticos que apoiam o governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB), de ter incentivado a invasão no Quartel Central da corporação. "Ele pega carona em tudo. É um oportunista. Botou ônibus, pagou quentinha. Está querendo capitalizar sua candidatura para a sucessão de Cabral", diz um influente político do Rio.
Em entrevista ao Valor, Garotinho nega que tenha incentivado a invasão e afirma que ajudou quando eles procuraram seu apoio através de sua filha, a deputada estadual Clarissa Garotinho. "Ajudei, como ajudaram o Flávio Bolsonaro [deputado estadual do PP] e o Freixo [deputado estadual Marcelo Freixo do PSOL].
Enquanto enfrenta desavenças no cenário estadual do Rio, graças à rebelião de alguns deputados estaduais do PR que decidiram apoiar o governo de seu opositor, Garotinho parte para temas nacionais e usa suas habilidades de radialista a fim de voltar a ganhar espaço eleitoral. "Ele nunca escondeu que sempre teve pretensões nacionais. Aqui no Rio, bate num teto eleitoral por conta da rejeição que ganhou ao longo dos anos. Por isso, precisa ampliar esse teto com temas que atraiam mais eleitores", explica o historiador e professor da Fundação Getulio Vargas, Carlos Eduardo Sarmento.
"Não o vejo querendo ser líder evangélico simplesmente. Ele vai abrir seu foco, se posicionar como liderança cristã, de um público conservador, talvez", acredita Sarmento, que lembra que o país não tem tal liderança.
O ex-governador confirma que não deseja se firmar como um líder evangélico. "Não tenho este objetivo. Tanto que apoiei o deputado João Campos (PMDB-GO) para presidente da Frente Parlamentar Evangélica. Apenas convoquei os parlamentares a nos reunirmos em torno de um tema que está ligado aos nossos princípios", disse, referindo-se às ameaças feitas ao governo pela bancada evangélica da Câmara de convocar o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci a explicar a sua evolução patrimonial, caso o kit anti-homofobia fosse distribuído nas escolas do país.
O historiador da FGV conta que o deputado preenche um vácuo deixado pela oposição. "É um papel que não vislumbramos Aécio Neves ou José Serra desempenhando". Além disso, ao atuar como polarizador do governo, ele conquista poder para o Legislativo e transfere este poder à base do governo, da qual faz parte, para negociar com o Executivo. "Ele é interessante para os partidos porque cria força de negociação", afirma Sarmento.
Na opinião do ex-prefeito Cesar Maia (DEM), Garotinho também não precisa destes temas para crescer. "Deputado de 650 mil votos já tem esse destaque". Maia explica que o que aconteceu no movimento dos bombeiros foi um momento de estresse e falta de habilidade do governador. "Cabral vinha se mostrando prepotente em fatos anteriores: ele chamou os médicos de vagabundos, aconselhou as mães da Rocinha que abortassem para não nascerem traficantes, chamou os bombeiros de vândalos. A sua reação produziu essa explosão."
Garotinho também credita o apoio da população ao movimento dos bombeiros a uma falta de habilidade do governador, além da inegável aprovação da corporação. "Parte da população está cansada dos falsos números de segurança, das fraudes nas UPAs [Unidades de Pronto Atendimento], da corrupção e da piora da educação", acusa.
Mas assume com um dedinho de orgulho: "Ficou um saldo positivo para mim porque ele [Cabral] teve que restituir a Secretaria de Defesa Civil, que eu tinha recriado, depois do [ex-governador do Rio] Marcello Alencar e que tinha virado referência nacional."
Consultado pelo Valor, o governador Sérgio Cabral não quis comentar as afirmações de Garotinho.
O cientista político da PUC do Rio, Ricardo Ismael, destaca que o ex-governador percebeu a fragilidade do Executivo e a usou politicamente no caso do kit anti-homofobia. "Ele foi ousado e ganhou o destaque nacional que buscava. O governo não tinha um negociador político. O ministro Luiz Sérgio não disse a que veio. Havia um vácuo na articulação com o Congresso", avalia. "Ele também sabe que a PEC 300 não vai à votação, mas levanta a bandeira para ganhar fôlego. Com isso, se posiciona com força para as eleições de 2012 para prefeito", lembra Ismael. Segundo o cientista, não como candidato, mas como força política para apoiar ou indicar candidatos.
Garotinho alega que não pensa ainda em eleições. Diz estar apenas negociando a pré-candidatura de sua filha Clarissa ao cargo de vice-prefeita na chapa de Rodrigo Maia (DEM). "Sou um deputado federal, não um deputado do Rio. Os três são grandes temas nacionais. Estou cumprindo meu papel de parlamentar, não posso ser provinciano", afirma. "Além disso, hoje, segunda-feira [dia 13 de junho], estou aqui em Brasília participando de uma reunião sobre royalties, amanhã, participarei de uma discussão sobre cobrança de ISS. Sou um deputado atuante". Perguntado se seu objetivo é ser um líder nacional, Garotinho esquiva-se. Mas lembra que teve 16 milhões de votos nas eleições de 2002. "Foram 19% dos eleitores".
Fonte: Ascom/ Ministério do Planejamento - Matéria publicada no Jornal Valor Econômico (Postado via IPad)
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Garotinho Governador ninguém segura o homem um cara trabalhador e grande administrador mudou Campos e vai mudar o Brasil
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