Permuta é a transação pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por
outra que não seja dinheiro, e em especial para o Americano a definição vai
além, é a sobrevida para um clube quase centenário que enfrenta a maior crise
financeira de sua história e que agora, através de acordo imobiliário que será
assinado na próxima semana, renderá ao clube uma nova área com a construção de
um Centro de Treinamento (CT) com toda infraestrutura como alojamentos e campos
de treinos e um estádio, com capacidade para cerca de 10 mil torcedores.
O que os torcedores alvinegros mais sentirão no primeiro momento é a
mudança de endereço. O Americano estará ‘trocando’ a Avenida 28 de março pelo
maior distrito de Campos, Guarus, em local ainda guardado em sigilo até a
assinatura do contrato. Mesmo estando sediado em nova área, segundo o
presidente César Gama, será a redenção para o clube que apesar de não ter
muitas dívidas, não tem recursos para se manter e lutar para voltar a elite do
futebol carioca. Os valores que envolvem a negociação não são revelados.
Em entrevista concedida ao Site Ururau, o presidente
alvinegro que afirma ter propostas apresentadas há pelo menos 10 anos, pelo
atual presidente do Conselho Deliberativo do clube, Édson de Carvalho Rangel,
anunciou que depois de empresas de fora se mostrarem interessadas no negócio, é
uma de Campos fechará o negócio e a assinatura “ocorrerá na próxima terça ou
quarta-feira”, garante o presidente.
O formato da negociação dará ao clube a condição de quitar imediatamente
todas suas dívidas, que segundo César Gama não são muitas e como a empresa se
tornará patrocinador estampando sua marca na camisa, os reforços para o time
que disputará a Série B também serão possíveis.
“É importante destacar que o estádio não será vendido, é uma permuta.
Até para depois não ficarem falando que essa administração vendeu o estádio do
Americano. O que vamos fazer é a permuta com o preço de mercado da área do
estádio que é supervalorizada, e com ela sim uma pequena parte em dinheiro de
onde serão quitadas as atuais dívidas do clube, que são poucas e o clube fica
zerado. Vamos ter um estádio moderno para cerca de 10 mil pessoas, em Guarus,
com Centro de Treinamento e toda a base trabalhando lá. Tem essa empresa de
Campos super interessada e está praticamente acertado, só falta assinar, o que
está marcado para semana que vem”, declarou César Gama.
ENTREGA IMEDIATA DO ESTÁDIO AO EMPREENDIMENTO
Já em relação ao
Estádio Godofredo Cruz, uma novidade. Este não poderá mais ser utilizado pelo
clube à partir de 2014, e o clube já onde mandará seus jogos da próxima temporada.
No primeiro momento existia a ideia de se entregar o estádio apenas depois do
novo construído, o que não foi aceito pela empresa que vai adquirir a ‘casa’ do
Americano.
Na primeira parte que deverá começar assim que o negócio for assinado, o
clube entrega o Ginásio que leva o nome de Eduardo Augusto Vianna da Silva, o
‘Caixa D`Água’, e a área social, e recebe o CT com campo de treinamento.
Posteriormente serão entregues as áreas sociais e ginásio. Já o novo estádio
deverá ficar pronto em 2016.
Sobre o projeto social que o clube lançou em 2012 e vendeu cadeiras e
títulos de sócio, quem comprou terá seu espaço reservado no novo estádio
alvinegro.
“Estou desgastado. São 20 anos a frente do Americano e posso afirmar o
seguinte, se não fosse eu aqui o clube teria fechado as portas. O Americano com
todas as dificuldades ainda pode se orgulhar de não ter grandes dívidas e ser
um clube limpo. As dívidas são comigo e com amigos que para me atender
emprestaram dinheiro para salvar o clube, que nunca sofreu execução e não tem
cheque devolvido. Posso afirmar inclusive que o Americano tem até uma situação
invejável. Chegamos onde podíamos chegar e não temos mais como investir
dinheiro do próprio bolso”, ao ser indagado do tamanho da dívida do clube com
ele, não pestanejou: “Em torno de 1,1 milhão”.
Sobre críticas que surgiram ao longo dos anos desde que surgiram as
especulações deste negócio, o presidente afirma: “Quem está contra não é contra
César Gama, é contra o Americano. Olha lá o Goytacaz, são 20 anos na segunda
divisão e um clube que tem a mesma ou mais tradição que o Americano. Nós aqui,
no primeiro ano que sofremos essa tragédia de descer, já querem me matar
achando que eu sou o culpado. Estamos trabalhando para voltar, mas quieto, sem
especulação, pois não temos dinheiro para tocar da forma que queríamos”.
Como a partir de 2014 o clube não mais poderá mandar seus jogos no
Estádio Godofredo Cruz, o dirigente declarou que há uma proposta a ser
apresentada ao deputado federal Anthony Garotinho, com quem o clube agendou uma
reunião.
“Tínhamos um encontro com o deputado Anthony Garotinho para esta
quinta-feira (14/02), à tarde, mas por uma questão particular foi necessário
remarcar, mas deveremos estar com ele e vamos solicitar uma ajuda para o clube
disputar a competição. Nós sabemos que ele tem ajudado o co-irmão Goytacaz e
entendemos que o Americano também precisa e merece uma atenção. Nossa ideia é a
construção de um estádio provisório em área já definida seguindo as normas da
Federação e com capacidade para 5 mil pessoas. Acho interessante a ideia e
entre outros assuntos, vamos apresentar essa proposta”.
Da possibilidade de mandar os jogos no Estádio Ary de Oliveira e Souza,
do Goytacaz, César Gama vê com bons olhos e antes mesmo do que poderia
imaginar. Como o clube perdeu dois mandos de campo por conta de incidentes
ocorridos em 2012, em seu estádio, as partidas contra o São João da Barra e
América, válidos pela 2ª e 4ª rodadas da Série B, o presidente César Gama
procurou a diretoria do Goytacaz para tentar viabilizar a sessão do estádio
para esses dois jogos e aguarda uma resposta.
“Jogamos em casa nessas rodadas e o Goytacaz fora, mas mesmo que fosse
dentro, poderíamos jogar no domingo ou na quinta. Estou esperando uma resposta.
Em 1999 jogamos no campo do Goytacaz quando o Americano disputava o Brasileiro
da Série C e foi contra o Fluminense e Bangu. Naquele momento estávamos mudando
o gramado aqui do nosso estádio. Não vejo problema nenhum”.
SEM RECURSO, CLUBE VAI SE MANTENDO COMO PODE
Sobre a crise financeira o presidente reforçou e sacramentou as
cogitações de que o clube receberia recurso da TV Globo por ter sido rebaixado
em 2012. “É zero, o Americano não recebe nada da Globo, e quem subir vai
receber muito pouco no primeiro ano. Não adianta se iludir. Ano passado o que
recebemos foram quatro cotas de R$ 160 mil e como da Prefeitura foram sete
meses de R$ 30 mil, nossas despesas que giram acima de R$ 200 mil, eram sempre
acima da receita, e agora é a mesma coisa no que diz respeito as despesas, pois
não temos Globo e ainda nem Prefeitura, o que deve começar a andar agora, mas
não sabemos a partir de qual mês vamos receber”.
Cada partida é um desespero para os clubes. A despesa para o clube que
manda seus jogos é em torno de R$ 6 a R$ 7 mil com borderô e para quem joga na
casa do adversário, praticamente o mesmo valor, com transporte e alimentação,
lembrando que são duas categorias, a profissional e juniores.
A negociação do
zagueiro Gil, vendido ao Corinthians pelo Valenciennes, da França, por exemplo,
deverá render ao clube como formado um recurso, mas nada que o enche os olhos.
É que o Americano tem direito a 1% dos 5% reservados ao clube, e nesse caso, clubes.
É que entram nessa fatia, segundo César Gama, o Rio Branco de Campos, o
Atlético/GO, o Cruzeiro e o Jaguaré/ES. “Quando ele foi para a França com muita
dificuldade o Americano conseguiu receber em torno de R$ 50 mil. Agora
acreditamos que será em torno de R$ 60 mil, mas o Corinthians se recusa a pagar
e já estamos na Justiça. Isso deve levar aí pelo menos de seis meses a um ano
para receber esse valor, como foi da outra vez”.
Reprodução site Ururau / foto: agencia Ururau
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