MPF DENUNCIA SERVIDOR QUE TINHA SALÁRIO EM QUISSAMÃ E NA CÂMARA DOS DEPUTADOS


O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro propôs ação de improbidade administrativa contra o advogado Maurício Pires Pacheco, que ocupou simultaneamente cargos comissionados na Câmara dos Deputados, em Brasília, e na cidade de Quissamã, no Norte Fluminense. A dupla função foi revelada depois de uma publicação no blog do jornalista Roberto Barbosa, em maio de 2011. Na ocasião, o jornalista apontou o acúmulo ilegal dos dois cargos públicos, conforme consta no Processo nº 000.9664.32.2013.4.02.5101.

De acordo com inquérito civil público instaurado pelo MPF, Maurício ocupou o cargo comissionado de secretário parlamentar no gabinete do deputado federal Paulo César (PR), no período de março de 2009 a agosto de 2011 e o cargo de assessor na Secretaria Municipal de Educação, em Quissamã, entre agosto de 2010 e maio de 2011.

Como os cargos possuíam carga de 40 horas semanais, o MPF concluiu que era inviável o servidor exercer as duas atividades quando as cidades são separadas por mais de 1.300 quilômetros. O procurador Edson Peixoto Filho também levou em conta que Maurício Pacheco, que mora em Cabo Frio, assinou na Câmara dos Deputados uma declaração sobre o não exercício de qualquer outra função pública, se comprometendo a comunicar ao setor de Recursos Humanos do legislativo qualquer alteração nesse aspecto.

O procurador destacou na ação que o cargo no município de Quissamã era comissionado com dedicação exclusiva. Com isso, o ex-assessor não poderia exercê-lo simultaneamente ao cargo de secretário parlamentar.

"Só a certeza da impunidade permite a alguém acumular ilicitamente dois cargos públicos em locais tão distantes entre si. É óbvio que o réu pode comprovar possuir o dom da ubiquidade ou da onipresença, dado que até agora não consta dos autos", afirma o procurador da República.

Para o MPF, Maurício acumulou indevidamente os cargos públicos, não sendo possível alegar o desconhecimento das normas proibitivas da dupla acumulação, configurando má-fé em sua conduta. O MPF pede a condenação do acusado a todas as penas previstas na lei de improbidade administrativa, como perda da função pública, suspensão de direitos políticos de cinco a oito anos, proibição de contratar com poder público e receber benefícios ou incentivos fiscais, além de multa incidindo sobre todos os valores recebidos ilegalmente mais juros e correção monetária.

A denúncia do blog Roberto Barbosa foi postada no dia 27 de maio de 2011, intitulada como “Escândalo da Jaraguá”. Dias depois Maurício Pacheco foi exonerado da função de assessor no município de Quissamã pelo então prefeito Armando Carneiro (PSC).

Reprodução: VIUonline (AQUI)
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