Parece estória da carochinha! E tem virado moda. Um
princípio básico do jornalismo, o simples ato de checar uma informação, tem
sumido da prática jornalística. Diante dessa correria, da pressa em “dar
primeiro”, ou simplesmente “dar”, muita gente tem bebido nessa fonte da
imprecisão e dado “barrigadas”, seguidamente. A mais comum é a da morte de
pessoas convalescentes, mas que ainda não morreram.
Isso tem ocorrido principalmente com “blogs de
notícias”, essa interessante mídia social que, além de oferecer informação,
muitas vezes recheada de releases de assessorias diversas, desde as oficiais,
como governos e instituições públicas, às de shows de todos os tipos.
É comum também se ver “notícias” um tanto fora do
comum, como as de sumiço de cachorrinhos e outros “fatos”. A maioria desses
“noticiosos” tem o slogan da “credibilidade”, “imparcialidade” e outras
virtudes do bom jornalismo.
Creio que em tempos de Facebook, Twitter e outras
plataformas de comunicação, não é mais preciso a correria pelo “furo”. A imprensa
deveria se comportar de outro modo. Ela deveria primar pela exatidão, como deve
ser, sempre. Ter uma informação checada, com uma notícia mais apurada e não
competir com os 140 caracteres do Twitter, com pouco conteúdo, e em alguns
casos duvidoso.
É comum observar nas redes sociais na internet
informações propagadas como a verdade, como os textos de Caio Fernando Abreu,
Luis Fernando Veríssimo, Arnaldo Jabor. Numa simples checagem
no doctor Google se descobre que muitos daqueles escritos não
lhes pertencem. No entanto, há de se considerar que as pessoas que compartilham
isso muitas delas não são jornalistas, portanto não têm o compromisso assumido
em lidar com a verdade, princípio básico para a credibilidade.
Pouca informação, muitos julgamentos
– Outro ponto sobre a checagem de informações é que
há poucos jornalistas que ainda desconfiam das coisas. Acreditam em sindicatos,
ou sindicalistas, secretários de governo, chefes de governos. As fontes
oficiais nunca foram tão críveis. O sindicalista diz que o seu salário atrasou,
o blogueiro vai lá e noticia. Não tem a mínima curiosidade em pedir o extrato
bancário, contracheque. Outra “notícia”, muito comum em sites e periódicos de
fofocas de celebridades, é “fulano está saindo com beltrana”. A notícia é dada
sem imagem, nenhuma foto, baseada apenas em uma “amiga” da tal celebridade.
Os comentários dos blogs, muitas vezes, chamam mais
atenção do que a própria “notícia”. Pela virulência do enunciado e a covardia
do anonimato. Este ponto merece um texto exclusivo, mas não vou perder tempo
para tal. Publicando esse artigo em algum blog, certamente serei alvo de algum
famigerado ataque.
Outro mal-estar que acontece com o jornalismo é o
fim do texto que o caracterizou como ciência, área do conhecimento: falta narrativa,
impessoalidade, até mesmo a entrevista, atividade comum ao jornalismo. Todos
querem, mesmo, é dar opinião. Informar, que é o mister do ofício, os
profissionais estão esquecendo. E a população padece de informação, mas se
assoberba de julgamentos.
Raphael Leal, jornalista e coordenador
de comunicação da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Juazeiro, BA
Fonte: Observatório
da Imprensa
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